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A IA ouve palavras; só Deus ouve o seu coração.

“Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são esses que o Pai procura para seus adoradores.” (João 4:23)

“Quando orardes, entrai no vosso quarto e, fechada a porta, orai a vosso Pai que está em secreto; e vosso Pai, que vê em secreto, vos recompensará.” (Mateus 6:6)

Enquanto isso, na Suíça, uma igreja em Lucerna decidiu instalar um holograma de Jesus alimentado por inteligência artificial (IA) para “ouvir” confissões. Batizado de “Deus in Machina”, o projeto permite que visitantes interajam com uma projeção digital de Cristo, respondendo perguntas baseadas em textos bíblicos e informações religiosas. A IA, segundo os responsáveis, se comunica em mais de 100 idiomas e tem como objetivo atrair e impactar os fiéis de forma moderna e acessível.

Confessionário com inteligência artificial em igreja na Suíça. Foto: Peter Diem/Lukasgesellschaft

Mas será que essa inovação é realmente uma tentativa de se conectar com Deus? Ou seria, no fundo, mais uma elaborada manifestação de vaidade tecnológica?

A resposta está nos próprios ensinamentos de Jesus. Ele nunca enfatizou aparências, métodos extravagantes ou inovações para alcançar o Pai.

Pelo contrário, sua mensagem era sobre a simplicidade e a intimidade da oração, em espírito e verdade, algo que nem o holograma mais avançado pode imitar.

A IA, apesar de fascinante, não sente, não tem o Espírito Santo, e, mais importante, não pode discernir o coração humano. O que ela entrega é uma ilusão de profundidade, um simulacro vazio que não substitui a presença viva de Deus.

Jesus já advertiu contra práticas que, sob o pretexto de devoção, se tornam apenas espetáculos: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15:8).

E aqui está o maior problema: o “Jesus de IA” não é sobre intimidade com Deus, mas sobre impressionar os olhos humanos com o brilho da tecnologia. É a transformação de algo sagrado em um artifício moderno, onde o foco não é o Criador, mas a criatura e suas criações.

Enquanto a verdadeira confissão exige vulnerabilidade, arrependimento e um coração contrito, interagir com uma máquina é apenas um ritual vazio, sem troca, sem perdão real, sem graça. No final, o holograma pode atrair turistas, mas por si só, não será um caminho para o Pai.

Porque, afinal, o Deus que vê em secreto não precisa de projeções tridimensionais para nos ouvir. Ele já está aqui, esperando pelo coração sincero.

Hibrael Loures

Criador da Comunidade UDIIA Trabalho com projetos, criação de conteúdo e IA Apaixonado por tecnologia

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